segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Os direitos humanos e a diversidade na comunicação neotecnológica global (Parte 01)

Enio Moraes Júnior

As novas tecnologias de comunicação implicam novas formas de ser e estar no mundo, tem ponderado o filósofo Pierre Lévy (2002). Mas o fato é que essas mudanças trazem em si um projeto – e ao mesmo tempo uma conseqüência política – em relação à qual não podemos fechar os olhos: a globalização.
Como reflexo da globalização, as fronteiras mundiais estão mais tênues e as pessoas tendem, em certa medida, a estarem mais próximas. Segundo Jorge Gerdau Johannpeter, presidente do grupo Gerdau (SIQUEIRA, 2007: B22):

A Internet impõe uma rapidez jamais sonhada em nossas decisões. Temos que resolver tudo em minutos ou mesmo em segundos. Vivemos hoje um processo executivo on line que explica, em grande parte, o grande aumento de produtividade ocorrido no mundo nos últimos anos.

Menos empolgada com os lucros, entendendo o fenômeno global como algo ainda em processo, a filósofa Monique Canto-Sperber (2004: 50) reflete:

Nosso mundo é antes de mais nada um mundo onde a pobreza e a miséria constituem o lote de uma parte considerável das populações, mesmo dentro dos países desenvolvidos. Mais que pela ausência de recursos, a miséria se mede pela ausência de perspectivas de futuro ou de oportunidades de ação. (...)
Dispor de meios para transformar recursos em verdadeiras capacidades de agir requer um mínimo de educação, exige viver em um mundo que ofereça reais possibilidades de desenvolvimento de si e supõe que a cultura à qual se pertence tenha podido formar em cada um a faculdade de adaptar-se.


É nesse cenário de contradições entre sentidos humanos e materiais, entre pessoas e coisas que a comunicação social, que agora funciona articulada às promessas e efeitos das novas teconolgias de comunicação, precisa repensar seus limites e suas responsabilidades. O fluxo informativo, agora mais veloz e dinâmico, assim como as decisões e a produção do capital, têm que corresponder a uma qualificação também do nível de relacionamento humano.
Apoiada nas tecnologias digitais, a comunicação social precisa estabelecer uma direção não apenas no sentido “unificador” de padrões e de possibilidades, mas também registrar em si a diversidade com a marca de “união” plasmada pelo respeito, pela tolerância e pelo amor humano em todas as suas dimensões.
É esse eixo que tem sido ocupado por organizações não-governamentais que lutam em defesa dos direitos mais nobres que há sobre este planeta: os direitos humanos.
Organizações como o Nuances (http://www.nuances.com.br/), grupo brasileiro pela defesa da liberdade de expressão sexual fundado em Porto Alegre em 1991, e o Mujeres Hoy (http://www.mujereshoy.com/), que agrega mulheres do mundo todo na defesa de seus direitos, são referências a serem admiradas e citadas como espaços que se colocam globalmente com um posicionamento político firme e com propriedade na defesa da diversidade e dos direitos humanos por meio dos instrumentos da comunicação neotecnológica.
Assim, a internet passa a ser um espaço para fóruns de discussões internacionais e, na medida em que seu uso – tanto do ponto de vista técnico como político – caminhe no sentido de uma democratização, de realização da ciberdemocracia pensada por Lévy.

Referências bibliográficas
CANTO-SPERBER, Monique. A globalização com ou sem valores. IN: BARRET-DUCROCQ (org). Globalização para quem?: uma discussão sobre os rumos da globalização. São Paulo: Futura, 2004. 50-58 pp.
LÉVY, Pierre. Ciberdemocracia. Tradução Alexandre Emílio. Lisboa: Instituto Piaget, 2002.
SIQUEIRA, Ethevaldo. Decisões on line revolucionam a produtividade. O Estado de S. Paulo. Economia, pg. B22. Domingo, 1º de julho de 2007.

Um comentário:

Anônimo disse...

Olá professor Enio Júnior. Gostaria de informar-lhe que já montei meu blog. Olhe como ficou. O endereço é www.ricafernandezcaro.blogspot.com.br
Observação: aluna Érica Fernandez Caro