quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

O jornalismo, a cidadania, as tecnologias, o amor e os alunos





As taças: apesar das diferentes formas e cores, base iguais
(Foto: Enio Moraes Júnior)


Enio Moraes Júnior

“Professor, mas como assim, você tem um blog profissional para discutir jornalismo e cidadania e resolve falar sobre amigos e amor? Pode?”, interpelou-me uma aluna de pós-graduação, com um ar de sincera dúvida em relação ao texto Os amigos, as estações e as razões do amor (abaixo) que resolvi publicar neste Blog do Enio imbuído pelo espírito de final de ano.
Confesso que fiquei provocado com a pergunta, especialmente porque quem me dirigia tal assertiva era aluna de uma turma de Tecnologias e Educação na qual eu havia solicitado a criação de blogs para a discussão de assuntos referentes às suas áreas de pesquisas acadêmicas.
Voltei a este blog, li e reli o texto comentado pela aluna... “Mas não é que é verdade?”, pensei. De repente eu havia abandonado a proposta que havia lançado ao criar este blog e disponibilizá-lo como espaço para as reflexões sobre jornalismo e cidadania. De repente este suporte para aulas de cursos de graduação e pós-graduação corria o risco de perder seu sentido...
No entanto, olhei com atenção e me dei conta que as taças que apresento ilustrando o conteúdo do texto, assim como a maioria das coisas da vida, ainda que sejam diferentes em suas cores e formas, têm o mesmo padrão de pés, as mesmas bases...
Então pensei: será que falar sobre jornalismo e cidadania é muito diferente de falar de amigos e amor? Percebi que o que eu sou profissionalmente, as minhas preocupações e interesses acadêmicos são um sintoma claro e direto da minha vida e dos meus valores pessoais. Que ser pensar o jornalismo como prática de cidadania é pensar também o ser humano basilado na prática da amizade e do amor.
Senti com uma clareza cristalina que articular jornalismo a cidadania e associar amizade a amor são uma mesma atitude, algo absolutamente coerente, emanado pelos mesmos valores, pelas mesmas bases, de uma mesma pessoa.
Pensei que a metáfora das taças e suas diferentes formas e cores guardam entre si, também, um mesmo padrão de base. E é exatamente essa base que determina o que somos, seja na vida com a família e com os amigos, seja no cotidiano profissional.
“Então tudo bem”, pensei e resolvi contra-argumentar com a aluna. Passado o intervalo entre as aulas, a procurei para comentar minha descoberta e vi que ela estava postando no seu blog sobre tecnologias educacionais um poema do Fernando Pessoa:

De tudo ficaram três coisas: a certeza
de que estava sempre começando,
a certeza de que era preciso continuar e
a certeza de que seria interrompido antes de terminar.


Percebi que nem precisava comentar a minha descoberta. Ela havia entendido exatamente a mesma coisa, antes de mim, e havia me ensinado!
Achei ótimo e lembrei o que sempre soube: o quanto os alunos, sem saber, são capazes de ensinar aos seus professores. Por isso, lembrei-me também de dedicar estas linhas aos meus alunos do presente, do passado e do futuro – de sempre –, com quem aprendo a cada dia as alquimias do jornalismo, da cidadania, das tecnologias e do amor.

5 comentários:

Anônimo disse...

Brilhante enio!!! Considero a associação do amor com o jornalismo totalmente coerente tb!!
Isso se vê nos atos... você é bastante humilde e acredito que isso te ajuda a associar questões que outros achem absurdos!
Acho que a vida acadêmica força aos estudantes a terem um pensamento extremamente lógico, de comprovações. Mas como você tinha dito em uma das aulas: "Há o fator humano que não pode ser medido" .. As relações não podem ser calculadas e rotuladas...a menos para fins uteis!
Abraços!

Flávia Lima Nascimento disse...

Oi prof.....sou sua aluna do 3° semestre na Fiam e tenho aula com vc às sextas feiras....passei por aqui pra conhecer seu blog e também deixar o endereço do meu =)
até sexta!

Anônimo disse...

Olá professor!
também sou aluna do 3o. semestre e tenho aula com vc as sextas feiras (mas de manhã)
já que o convite foi feito, vim conhecer seu blog!

BLOG DO ADOLESCENTE disse...

Parabéns Enio, achei maravilhoso como você articulou a sua profissão de jornalista com o amor e amizade. Que bom seria se o mundo conseguisse alcançar tão grandiosa dádiva, que esses sentimentos produzem. Acredito que o mundo seria bem melhor.

Márcia, sua aluna de pós graduação.

Anônimo disse...

Parabéns penedense, cada dia sinto mais orgulho de ter sido seus colega no curso de Comunicação Socal - Jornalismo
Roberto Lopes