sábado, 13 de janeiro de 2007

O Chá da diversidade dos sonhos

Enio Moraes Júnior

Você já ouviu alguma coisa do grupo pernambucano Chá de Zabumba? Pois eu já, e garanto: para quem gosta, é um dos melhores grupos de forró contemporâneo. No mais recente trabalho, Pra Sambar um Forrozinho, bem mais que música, os integrantes do grupo fazem uma verdadeira louvação à cultura nordestina, de raiz. Como eles mesmos afirmam, “a banda apresenta um jeito próprio de fazer forró, valorizando a tradição e flertando com a inovação”.
Talvez seja exatamente esse flerte com o futuro, sem deixar de trazer as marcas do passado, a grande marca da banda. Em época de globalização, viva o global!, mas que sobreviva e viva também o regional.
Teóricos e pensadores da globalização como Pierre Lévy e Jesus Martín-Barbero têm observado que o século XXI nos aguarda mais abertos, mais diversos, mas não como um todo sem base, sem vida, e sim com as peculiaridades das nossas raízes. É exatamente esta sacada que está presente, reluzente e quente no Chá.
No calor de Pra Sambar um Forrozinho, que é o segundo CD do grupo, a canção Sambastral é uma viagem, talvez o gole que deixa mais claro o espírito da banda: “Remexendo entre as estrelas tanto faz para cima ou para baixo / Eu sei: quem samba na terra também samba no espaço”. Mas no conjunto, o CD é uma reverência à alegria e ao amor que têm como matriz valores nordestinos, “um-não-sei-quê” de afeto, simplicidade e religiosidade.
Além de tocarem projetos sociais e culturais, como o Batuque Book, que prevê a edição de livros-CD-ROMs com música tradicional de Pernambuco, o grupo já está preparando um novo trabalho. Vamos torcer para que no terceiro chá, que está em fase de produção, Climério de Oliveira, Clima (voz, violão), Cleyton Coquinho (zabumba, vocal), Adriano Sargaço (triângulo, guitarra, vocal), Tarcísio Resende (percussão, vocal) e os músicos Eudes Ciriano (baixo, vocal) e Manuelzinho (sanfona) conservem o calor e o espírito de Pra Sambar um Forrozinho, de 2004, e VamoVadiá, de 2002.
Conheci o Chá há poucos dias, casualmente, numa viagem de ônibus Jequié (BA) – Aracaju (SE), por meio de uma menina que tem na cor da pele a diversidade dos sonhos do mundo, a Hosana, que faz a divulgação do grupo e entregou-me um CD. Presente dela para mim, do grupo para o público, de Pernambuco para o Brasil.
Chá, quando quiser zabumbar, é só chegar com o bule que eu chego com as xícaras para compartilhar a diversidade dos sonhos do mundo que o grupo também traz na alma da música que faz.
(Para maiores goles do Chá: www.chadezabumba.com).

Nenhum comentário: